Eu não vivo no raso e a
esmo as coisas vindas do coração. Nunca amei a primeira vista nem esqueço tudo
num piscar de olhos, então não venha querer me arrancar de uma vez àquilo que
eu só sei me livrar em doses homeopáticas.
Se tudo tivesse sido
claro, você tivesse sido gente fina, elegante e sincero, tudo estaria bem e eu teria
aceitado melhor, talvez.
Se para você foi tudo
fácil foi porque nunca existiu. Eu sinto tudo, sempre senti demais, eu senti e
sinto por você e por mim até hoje.
Não é fácil pra mim que
sempre fiquei aqui esperando uma migalha de qualquer coisa com a esperança
batendo no peito de que você gostasse um tantinho de mim.
Eu fui muito
esperançosa, de fato exageradamente esperançosa porque eu sabia que o barco era
furado e que a qualquer hora ia afundar e continuei navegando sem destino.
O barco afundou, eu
afundei e você se salvou. Salvou?! Não sei. O que eu sei é que você se agarrou
a qualquer pedaço de qualquer coisa que não sei o que é e continuou na superfície
e a salvo, típico seu. Eu que não sei nadar, fui afundando, afundando,
afundando...totalmente submersa, e eu sabia que quando eu mais precisasse você
não estaria ali. Eu sei disso porque você nunca esteve.
Eu penso na forma como
tudo aconteceu rápido, sem despedidas, sem considerações, sem explicações. Foi
tudo escapatória, disfarce, máscara, sem sinceridade sem qualquer resquício de
culpa. Ai eu sinto certo alívio, certa liberdade e uma certa gratidão por ter
sido assim.
Eu que sempre preferi
alguém com quem compartilhar as coisas da vida hoje me vejo melhor sozinha,
talvez tudo tenha servido para isso, para eu perceber que a melhor companhia
para mim será sempre eu mesma, que enfrentar os medos e vícios diários sozinha
é sempre mais gratificante, que no fim é sempre você com você mesmo, você e seu
espelho, você e seu amor próprio que é sempre verdadeiro e o mais importante.
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